The Shrine

Plaz Mendes
2 min readAug 1, 2018

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Fela Kuti

Os policiais foram chamados novamente para acabar com a bagunça promovida pela boate Espírito da Chuva, nela aconteciam quase todas as noites show de jazz e vodu patrocinados por Anipofelkuti. Nasceu escravo e morreu como presidente.

Músico brilhante, casado com varias mulheres e sacerdote da seita ministrada ali.

“Cada policial um dia vai entender que quem segura seu cacete não é ele e sim seu patrão e com esse mesmo instrumento um dia ele pode ser surrado.”

Um mix de liberdade artística e ativismo pelos direitos de todas as pessoas ali reunidas. Todas eram extremamente pobres e seu suor era sugado pelo deus Moloch, ou numa visão mais moderna proferida por Kuti, as grandes corporações que haviam sido postas naquele país.

“A polícia espanca as pessoas nas ruas como se fossem cães velhos.”

O povo escutava suas músicas e matinha esperança em novos tempos, onde deixariam de serem escravos e opressores e irmãos deixariam de matar por dinheiro irmãos. Kuti pregava toda noite na boate, seus discos faziam certo sucesso fora do país, contudo como um guerreiro ele nunca deixou seu país e a luta pela liberdade. Vivia na cidade mais perigosa do mundo, Havia sido espancado outras duas vezes e sabia que a próxima seria fatal. Estupraram suas mulheres bateram nos homens e assassinaram sua mãe. Não temia mais a morte e sim essa vida cheia de sangue e sujeira promovida pelos donos do país, um bando de idiotas que seguiam as ordens de outros e nessas ordens a simples ideia de escravizar o povo era executada com todo vigor da tirania. Uma de suas músicas fala do Presidente Negro, sujo de sangue e diamantes, montado numa torre de braços e pernas mutiladas das pessoas que trabalhavam em suas minas.

“Poucos estão gordos pela comida e o resto continua com fome”

O saxofone vibrava alto quando os homens fardados chegaram e a multidão se embolou entre fugir dali e lutar. Quem ficou foi morto brutalmente, Kuti foi pego, preso e seu corpo apareceu alguns dias depois esquartejado na praça pública, os poucos que conseguiram escapar naquele dia sempre lembram ainda assustados as palavras de Kuti ao ser surrado pelos homens fardados.

“Sujo suas roupas de sangue, o mesmo que pulsa em suas veias. Escutem malditos pois sua hora vai chegar e a África será livre, todos os irmãos unidos se levantaram contra esse governo e essas empresas estrangeiras que sugam nossas vidas. Escutem malditos, seu tempo chegara e a África será livre!”

Sua voz foi calada, contudo sua alma vive ainda em sua música pelos quatro ventos do mundo.

Escutem malditos, sua hora vai chegar!

Texto livre baseado em Fela Kuti e suas músicas!

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Plaz Mendes

“O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa.” Eduardo Galeano. cmendesthiago@gmail.com